.:|O CORTE|:.

Duro, frio, seco e exato

Como corta o boia-fria

Ou se arranca esparadrapo

Rápido como o estalo

Da mais lívida chibata

Do aperto, o nó, que ata

O pulo do gato, a fuga do rato

O ir ou vir da enguia

Diante o peito feito trapo

Dor que almeja um intervalo

Olhar súplico a quem

Falso-piedosamente

Simplesmente vai...

e mata.

Resta só o abismado

Ar de quem "nem viu de onde"

Veio a determinação

Que noutras tantas ocasiões

Falta, inexiste ou se esconde...

Como sobra para alguns

A coragem pra agir

com tamanha covardia?

Sem saber, quero eu crer

Preferível é a dúvida

À resposta conhecer.

.:|Ricardo|Vieira|:.

05abr12