NAMORADOS

A princípio,

era só uma troca de olhares:

Olhares tímidos – mas sinceros.

Olhares obscuros – mas puros

Mas, ainda assim, faltava o contato.

Um corpo a corpo físico ou talvez

um contato verbal seria um bom começo.

E então, passo a passo...

no momento preciso,

um breve aceno,

um ligeiro sorriso,

troca de gentilezas

e eles estariam aptos:

a se conhecerem,

a baterem papo,

a olharem-se mais,

a falarem algo,

a dizerem os nomes,

os sobrenomes,

os telefones

o etc e o tal.

E, mais tarde

ou mais cedo,

nenhum acaso

seria proibição:

para o esbarro,

para o encontro,

para o sarro,

para o confronto

e pronto!

Agora todos os dias

e todas as noites imagináveis:

eles se encontram e se reencontram,

eles não se desgrudam de um ao outro,

eles revivem uma nova adolescência,

eles se amam e se querem cada vez mais,

eles estão em todas as partes da cidade

num insólito romance sem suspeitas.

Eles são tão fascinantes!

Um casal de namorados quase perfeitos.

São companheiros, cúmplices e amantes

também: humanos, normais e imperfeitos.

Carregam juntos diversas fraquezas.

Pequenas, médias e grandes brigas sem motivos,

acometidas pelos desenganos e equívocos.

Sentem-se tomados de tristeza.

Desculpas sem nexo e frieza

deixam a relação temperada.

As vezes doce. As vezes amarga.

Uma pitada de ciúme, sexo e paixão.

Uma porção menor de confiança e amor.

E um passar do ponto na relação

e já recomeça as inevitáveis brigas.

Seriam um casal quase perfeito

se não houvesse um detalhe.

Um descuido e um defeito.

E, se a memória não me falhe,

é comum a qualquer romance.

E então: eles não se casaram.

Eles terminaram com o namoro.

Autor: Julimar Antônio Vianna

Julimar Antônio Vianna
Enviado por Julimar Antônio Vianna em 21/01/2007
Código do texto: T353990