Vida... Tempo
VIDA... TEMPO
Dê-me um punhado de flores e devolverei somente espinhos;
Dê-me o melhor o melhor de teu sorriso, que o tornarei amargo;
Dê-me teus melhores sonhos e te direi que não passam de utopia;
Dê-me tua loquacidade que o tornarei emudecido;
Dê-me tua jovialidade e devolverei rugas em tua fronte;
Dê-me tua ingenuidade e te farei adquirir malícias;
Dê-me tua liberdade e o farei prisioneiro de si mesmo;
Dê-me toda tua sapiência e o farei sentir-se cruelmente inapto;
Dê-me todo teu vigor e te mostrarei que és fraco;
Dê-me tua beleza e o reflexo do meu espelho te mostrará desfigurado;
Dê-me tua veracidade que o farei o maior dos incrédulos;
Dê-me tua delicadeza e sensibilidade e o tornarei um ouriço;
Dê-me tua musicalidade e lhe arrancarei as cordas vocais;
Dê-me tua visão de futuro e te ofuscarei;
Dê-me provas de sua existência e te farei acreditar que nem chegaste a nascer...
Só não queira dar-me um nome... Não concordarei... Um nome já possuo e dele não abro mão... Chamo-me vida... Tempo
Tânia Cristina de Macêdo Costa