E ele trazia nas costas
o peso de uma cruz
uma tristeza contagiante
Qual a morte de Jesus
Olhar perdido nos montes
e de ouvidos mocos pra vida
trazia em seu semblante
uma saudade doída
Carregava a lata de tinta
e no coração um sufoco
Uma pá de cal e cimento
e quem sabe...um amor morto
De vez em quando falava
da vida com cultura vasta
de filosofia e política
e das diferenças de castas...
Não havia como negar
a sensibilidade estampada
Seus olhos de horizonte
rumavam na poeira da estrada
Fiquei sabendo "en passant"
Que ele era um poeta,
cantor e compositor,
e das palavras profeta...
E aquela alma de artista
pincelava as minhas paredes
com zelo e com maestria
como se fosse uma tela
da mais alta Dinastia...
Uma solidão profunda
em seu peito arraigada
que só um ser tão sensível
é capaz de carregar...
Não sei se de tanto amor
ou quem sabe por não amar...
Ao som de-
Cidadão-Zé Geraldo