O excesso da imaginação
Bem sabes – pétala murcha
Ainda aprisionada nos ramos –
Deixaste o tempo corroer-te a vida,
Depauperando tacitamente
Os finos tecidos do teu ser.
Conquistaste o malogro de ser insuficiente,
Recatada no suave marasmo do olvido.
Imersa no não-vivido repeliu
O horizonte promissor da contingência,
Acatando o factual momento efêmero
De nulidade como uma determinação imanente.
E quando o vento sopra as reminiscências
Órfãs de um período estéril
No cerne do teu remorso,
Soluços, amiúde, arfam como os cânticos
Velados de pássaros sem asas.
Na matriz de tua ânsia
– A gênese volitiva teleológica –
Ficou inerte feito uma semente.
Somente o mofo do porvir abstrato
Nutriu tua ávida imaginação.
Novembro de 2011