O excesso da imaginação

Bem sabes – pétala murcha

Ainda aprisionada nos ramos –

Deixaste o tempo corroer-te a vida,

Depauperando tacitamente

Os finos tecidos do teu ser.

Conquistaste o malogro de ser insuficiente,

Recatada no suave marasmo do olvido.

Imersa no não-vivido repeliu

O horizonte promissor da contingência,

Acatando o factual momento efêmero

De nulidade como uma determinação imanente.

E quando o vento sopra as reminiscências

Órfãs de um período estéril

No cerne do teu remorso,

Soluços, amiúde, arfam como os cânticos

Velados de pássaros sem asas.

Na matriz de tua ânsia

– A gênese volitiva teleológica –

Ficou inerte feito uma semente.

Somente o mofo do porvir abstrato

Nutriu tua ávida imaginação.

Novembro de 2011

Marcell Diniz
Enviado por Marcell Diniz em 19/11/2011
Código do texto: T3345184
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