OSSOS SECOS

O pó dói, se escondido

quando do vento

lembrado

Ferve ao sol, estado vazio

rio sem leito

estreito na alma

Cala, fogo sem vida

estende-se às lembranças

dorme ao relento

nem dor sente, pó em fuga

esquecimento nos sonhos

memória distante dos olhos

O vento sopra sem partículas

as cinzas não são mais vistas

o dia se escondeu

Vozes não são ouvidas

sem sombra (não há físico)

o desejo se esvaiu

E findou a memória

roeram os ratos a sobra

na réstia da ilusão

Sem carne, não há sonho

Filho legítimo da alma

A observar sem lembranças

Secos, levados pelos ventos

aliados da ilusão

na distração

Correndo sem pés, descalços

no revés da pedras

sol escaldado

Os ossos se espalham inexistentes

Sem marcas no liso do cimento

Sem cálcio na memória.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 17/05/2011
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