OSSOS SECOS
O pó dói, se escondido
quando do vento
lembrado
Ferve ao sol, estado vazio
rio sem leito
estreito na alma
Cala, fogo sem vida
estende-se às lembranças
dorme ao relento
nem dor sente, pó em fuga
esquecimento nos sonhos
memória distante dos olhos
O vento sopra sem partículas
as cinzas não são mais vistas
o dia se escondeu
Vozes não são ouvidas
sem sombra (não há físico)
o desejo se esvaiu
E findou a memória
roeram os ratos a sobra
na réstia da ilusão
Sem carne, não há sonho
Filho legítimo da alma
A observar sem lembranças
Secos, levados pelos ventos
aliados da ilusão
na distração
Correndo sem pés, descalços
no revés da pedras
sol escaldado
Os ossos se espalham inexistentes
Sem marcas no liso do cimento
Sem cálcio na memória.