Tolices

O tempo aquele que me aproxima da morte a cada milésimo de segundo, eu que me perco dele, eu que me perco nele. O desespero caminha sorrateiramente ao meu lado, como querendo me possuir e eu nem sempre disponho de forças para expulsá-lo, deixe que me possua, que me consuma, que me extinga.

Deixe que a razão me falte, que minha determinação pereça e que finalmente o chão se abra sob meus pés e que a terra me tome e faça de mim parte dela.

Pra que dela e de mim nasçam outras vidas que façam algum sentido, o sentido que a minha jamais ousou encontrar, perseguir, realizar.

Que a nova vida que brota não seja abençoada com desgraça semelhante à minha própria.

Se não por que nascer? Mais um coração gélido, morto, inutil.

Mais sonhos acumulados na grande caixa de descartes da vida.

Mais escuridão assombrando dias que deveriam resplandecer de luz.

Mais verdade contaminando os pensamentos outrora felizes dos tolos.

Mais lacunas surgindo onde antes predominava o saber, a verdade.

Diversos tipos de caos, todos com a finalidade de mostrar ao cego os primeiros raios de luz uma luz que na verdade é a escuridão.

Que o mundo me expulse enquanto ele pode fazê-lo...