CIDADE DE HOMENS
Ó grande cidade. Capital dos meus sonhos.
Mesmo com tanta opulência e homens em ti.
Homens ainda mais miseráveis dos que vi
Pequena cidade, grande cidade. Estranhos...
Mundos dos quais possuía e encontrei aqui
As batalhas... Cidade grande... Os sonhos eu vivi
Pequena cidade, grande cidade. Horrores...
Diplomacia de senhores lisonjeados
Numa mistura de maus odores disfarçados
Ditadura sutil em disfarçada democracia anil
Inversão de valores comprados por preço vil
Cidadania como a escura noite
Onde o povo contrata o próprio açoite.
Em tempos que se vão escolhiam para nós
Hoje a escolha mudou de mão.
Escolhemos o próprio algoz
Neste imenso quebra-cabeça...
Milhões de peças trocadas!
Sinto-me uma peça que se perdeu
Mas que ainda busca
Sem saber que em minha cidade interior...
Há um universo de escadas!
Este abriga um mundo que dorme o sono de um país
Tão deserto que ignora seus Estados e se contradiz
Descubro mundos dos quais possuía, mas não os vivia
Pois nas luzes da cidade grande eu próprio me iludia
Cidade que concebe a própria verdade como pequena
Sua vontade em ti se ofusca e torna serena
Considera seu mundo entre os mais disformes
Em ti oculto o meu próprio universo
Buscando o externo encontro apenas o inverso
Pequena grande cidade. Uniformes...
Que oculta-me a cidade dos sonhos
E deixa à mostra uma cidade de homens