Povo de Santo

Somos povo de Santo

Fruto da negritude que o sangue nos abrasa

Das saudações das matas

Ao ser clivado das almas dos brancos

Sejam de Ogum ou Iansã

Tem-se a vista a prova de seus sabores

Vemos fugas gozosas e repúdio

Mistura de sentimentos

Que casam tantos horrores,

Mas deles vem os amores

Que sem nenhuma graça

Traça um ser vacilante

Sobre todos caça.

Nos salões das senzalas

Rezam-se Saravá Luzia

Saudando a sua tia

Que por causa do temor

Fez horror a essa danação

Caindo por terra ao chão

Uma filosofia barata

Quem é o deus do branco?

Ele é cheio de prata

Dizem que é de lata,

Mas na verdade deve ser de ouro,

Mas quem é esse ser mouro

Pois do Cristo não faz alusão

Brancos são sujos de lama

E pretos de escuridão.

Olavo Barreto
Enviado por Olavo Barreto em 22/03/2011
Código do texto: T2862904
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