Povo de Santo
Somos povo de Santo
Fruto da negritude que o sangue nos abrasa
Das saudações das matas
Ao ser clivado das almas dos brancos
Sejam de Ogum ou Iansã
Tem-se a vista a prova de seus sabores
Vemos fugas gozosas e repúdio
Mistura de sentimentos
Que casam tantos horrores,
Mas deles vem os amores
Que sem nenhuma graça
Traça um ser vacilante
Sobre todos caça.
Nos salões das senzalas
Rezam-se Saravá Luzia
Saudando a sua tia
Que por causa do temor
Fez horror a essa danação
Caindo por terra ao chão
Uma filosofia barata
Quem é o deus do branco?
Ele é cheio de prata
Dizem que é de lata,
Mas na verdade deve ser de ouro,
Mas quem é esse ser mouro
Pois do Cristo não faz alusão
Brancos são sujos de lama
E pretos de escuridão.