ISABEL
Teu nome é um chamado distante
Vem do vento que empurra o mar
O tempo para por um instante
Ouço tão claro a maresia te chamar
Parece que estou em transe
Navios na areia navegam ao léu
Tua vida é mais que meu sangue
Meus lábios balbuciam : Isabel !
Vem o som na linha do horizonte
Ouço tua graça nas ondas quebrar
Para onde olho escuto teu nome
Permeia a mente,o corpo , o ar
Nunca vi um azul tão distante
Uma cor estranha cobriu o céu
A praia tem um aspecto mutante
Para onde olho só vejo: Isabel !
Olho pra cima e o sol é um deus
Tão forte e quente nem se olhar
Meus olhos só vêem uma deusa
Que vejo na frente sem nunca estar
O calor é forte tenho vertigem
A cabeça roda como um carrossel
Desabo no vazio em queda livre
Alguém me segura do caos : Isabel !
Ajunto nas mãos a areia
Começo teu rosto a moldar
Um senhor diz : é uma sereia
Que pescador nunca viu no mar
No cais uma cigana lê minhas mãos
Nas linhas vê sentimentos e fel
Diz que meu amor é de todo em vão
Pois nunca terei o amor de Isabel
Saio trôpego , bêbado de sonhos
A realidade bateu dura como a rocha
De que adianta viver como um sonâmbulo?
Melhor partir para a grande incógnita
Subo a montanha para elevador Lacerda
Lá embaixo o mercado olha os céus
Sou pássaro ferido que não bate asas
Enquanto caio grito um nome : Isabel !