O QUE RESTOU DE MIM?
Entreguei-me e não saciei
Vontade ardente de querer mais
E todo sentimento entreguei
Para somente ter teus "ais"
De toda culpa minha destruí
Para em troca teu doce amor receber
Em teus ásperos espinhos me feri
Martírio meu para entorpecer
E da mais pura loucura provei
Da concentrada insania me perdi
E de ti doses de frialdade recebi
Tuas ferozes punhaladas levei
Do teu corpo apenas em ossos toquei
Sem sentir o gosto da carne ardente
Em vã luxúria destruí-me e pequei
Tomando uma taça de teu veneno de serpente
E por puro desgosto adormecia
lembrando da agonia sem fim
Perguntando por que por ti vivia
E lamentando: O que restou de mim?
Tales S. Pereira