A última dose do cálice negro

Não preciso dizer

minha cara

palavras caras

palavras raras

vem ao teu ouvido

nada é permitido

tudo é permissivo

o pecado inibido

num sorriso comprometido

com o mal

te assusta o silêncio

da madrugada

a tua boca

a tua alma ressecada

ressentida

pela saliva

que escorre na boca dos cães

o teu corpo uma folha

sem árvore, sem raízes

não há mais escolhas

ou diretrizes

para seguir.

Henrique Rodrigues Soares - Romaria Lírica