Minha querida ilusão...
Todos os dias ao deitar-me sob as árvores do meu quintal ouço as folhas em atrito com o ar sussurrar em meus ouvidos os momentos que juntos passamos. Fico ali a observar as nuvens, que com a superposição de várias fórmulas rítmicas desenham o esboço do seu corpo.
(...)
Lembro-me perfeitamente de quando nos tocávamos entre as flores do Éden... “sentia-me como se chorasse por pecados que jamais cometi e lamentasse tragédias de que não fui vítima”... Talvez por ter premonições do que iria acontecer.
Agora “mi amor” tudo parece estar exaustivo... Vejo seu rosto com rebuço, ouço sua voz ecoar ao vento. Angélico, sem você meu coração é penumbroso por dentro e vulnerável por fora.
Sem você, as noites eufóricas e eufônicas que tínhamos se distanciaram, fugindo do ponto de origem do plano cartesiano e me deixando como um eunuco, inusitado.
(...)
Tu te lembras de como éramos? Éramos como gotas que caem sobre as águas e se submergem pelos prédios das flores pintando o ar... Éramos como pássaros que se molham e pulam de longe na cor do azul...
Agora, nesse mundo achado, perdido estou... Perdido e sem sentido.
(Magno Carvalho, 31/08/2010)