Ambigüidade
Dúvida voraz que blasfema e grita
Onde em mim, plena e perpétua, habita
Consome essa alma de poeta, tão descontente
Escondendo de mim a visionária ardente
Ela cresce exasperada e insaciável
Nada satisfaz essa angústia indomável
E tendo eu alma de poeta, tão descontente
Tento saciá-la, mas, ela cresce fremente
Questiona meus sentidos e minhas visões
Pobre de mim! Sequer entendo minhas aflições
Ah! Alma de poeta, alma jamais contente!
Ingere indagações e as alimenta constantemente
É sempre um sino que aqui dentro ressoa
Fluído retido e que em lágrimas escoa
Alma iludida... Ilusão fugitiva
Escraviza-me e depois se esquiva
Ah! Alma de poeta, alma jamais contente!
Vive nessa luta constante ousadamente
Quem me dera fosse, a esperança
Um bem que tarda e afinal se alcança