A LUA CIUMENTA
Chora a noite solitária,
verte lágrimas copiosas,
inundam todas ansiosas
a matina arbitrária.
Rutilam meninas estrelas,
dançam na sua vastidão,
uma ciranda a arrmetê-las
por toda esta dimensão.
Com os olhos tão pesados,
pálpebras arrastam banhadas,
invandem os sonhos fechados
com as estrelas alinhadas.
A noite vai desamparada
horas a fio na madrugada,
sofre e chora na escuridão
pela perda de uma paixão.
Pobre noite, agora sem teto,
sem os céus para lhe amparar,
abortada, injustiçada como um feto,
sem a lua para amar!
A noite sofre o ciúme da lua,
que lhe retira o seu fulgor
apagada, vai única pela rua,
vestida só com seu amor.
Mas o que é a noite sem luar?
É o poeta sem inspiração,
é o anjo sem asas para voar,
ou a melodia sem emoção.
Retira-se a lua em seu vazio,
vira as costas para o seu amor,
que digo: não te repudio,
nem vou desistir do teu fulgor.
(YEHORAM)