PRANTO DE AMOR

Todo oceano

É depósito

Das lágrimas do rio

E o fundo do seu leito

É sedimento do sal

Quando evapora

O céu se enche d'água

Depois desaba

E encharca o solo insano

Como quem tira a dor da secura

Assim, é o choro de amor

Que chega até a boca

vindo dos olhos vermelhos

E ajunta a impaciência

Que grita o silêncio

Diante do espelho

Então, salga o céu da boca

Amalgamando o pranto

Que desce pela garganta

E suplanta a tristeza

Quando chega o tempo

Da feliz estiagem...

Janete do Carmo
Enviado por Janete do Carmo em 05/11/2010
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