A dama da lotação

Certo dia, que não era o meu dia,

Desejava compor uma poesia.

Mas, onde está minha inspiração?

Resolvi viajar em uma lotação

Á procura da inspiração desejada.

O ônibus parava sempre nos pontos,

Pareicia uma estória, um conto.

Viajava no ônibus uma mulher bonita,

Daquelas que a natureza não limita,

Com um jeitinho de mulher amada.

Senti que ali, estava minha poesia,

Havia descoberto naquele dia;

Poesia que ia falar de uma mulher,

Não era daquelas que andavam (amadas) nas calçadas,

Nas altas noites da madrugada.

Ela chegou a olhar pra mim,

Parecia da viajem o próprio fim;

Cheguei a sentir pulsar o coração,

Estava concluída a poesia.

Estava entusiasmada com a mulher amada,

Era o inicio de minha poesia,

Quando gritaram: prendam essa ladra!

Com grossas algemas nas mãos,

A levaram aos chutes e pontapés.

(Inspirada na obra de Mário de

Morais na revista O cruzeiro, de 1955.)

ANTONIO MUNIZ
Enviado por ANTONIO MUNIZ em 25/10/2010
Reeditado em 26/10/2010
Código do texto: T2577510