A dama da lotação
Certo dia, que não era o meu dia,
Desejava compor uma poesia.
Mas, onde está minha inspiração?
Resolvi viajar em uma lotação
Á procura da inspiração desejada.
O ônibus parava sempre nos pontos,
Pareicia uma estória, um conto.
Viajava no ônibus uma mulher bonita,
Daquelas que a natureza não limita,
Com um jeitinho de mulher amada.
Senti que ali, estava minha poesia,
Havia descoberto naquele dia;
Poesia que ia falar de uma mulher,
Não era daquelas que andavam (amadas) nas calçadas,
Nas altas noites da madrugada.
Ela chegou a olhar pra mim,
Parecia da viajem o próprio fim;
Cheguei a sentir pulsar o coração,
Estava concluída a poesia.
Estava entusiasmada com a mulher amada,
Era o inicio de minha poesia,
Quando gritaram: prendam essa ladra!
Com grossas algemas nas mãos,
A levaram aos chutes e pontapés.
(Inspirada na obra de Mário de
Morais na revista O cruzeiro, de 1955.)