Em noite serrana a morte chega aconchegante
Em noite serrana a morte chega aconchegante
Pela madrugada a fora segue o cortejo
Igual a seresta da lua que perde o Tejo
Nas linhas do horizonte descansa o poeta gigante
Entre verso e rima, se vai o sussurrante
Nas veredas da solidão em horror me vejo
Onde não sinto o calor do desejo
Lábios finos e fogosos ficaram sem amante
Ludibrio com doses de saudade dura
Meu destino em borões perdeu a certeza
E agora só, reino na sepultura
Entre noite e dia amargo a tristeza
De palavra em palavra acabo nos transes da ventura
Onde em morte aceito o dom da natureza.