Amor que não foi
Eu vim embora
E nem disse adeus
Pensava que era só um tchau
Ficou o sal do mar em que nos banhamos mil vezes em minha pele
Na minha boca, em meus cabelos
Suas mãos não queriam mais me tocar... Enlouqueci...
Sentada na areia eu gritava por dentro: - Onde está o desejo?
Mas era tarde demais, ele tinha ido embora...
E eu também...
Não chorei, nem me despedi
Apenas disse: - Até logo!
Hoje, és amigo, apenas
Nada restou do traço do amor que tivemos
Ficou o amargo da falta do desejo
Que eu nutria por ti e tu nunca me deste
Meu corpo fremente de desejo nas noites solitárias
Teu modo de amar apenas e simples horas solidárias
Meu beijo, uma sede desértica no afã de me afogar
Teu beijo, um toque despercebido em meus lábios, sem graça, sem compromisso
Meu toque, volúpia de doido, uma loba defendendo sua cria
Teu toque, um dedilhar sem música, sem notas, sem melodia
Meu sorriso amargou
Meu dia, o sol se pôs, se fez noite
Minha noite sem estrelas
Meu sol sem calor
Minha vida sem sentido
Vidas sem rumo...
Eu caminhando na areia sem direção
Minhas pegadas não deixaram marcas
Meu amor ficou sem razão
Eu te deixei...
Num dia que deveria ser de sol, mas era de chuva
No lugar em que mais amei
E não fui amada
Meu sorriso sem graça...
Minhas mãos buscando a quem acariciar
E hoje, amigo apenas que és
Deixou apenas o sal do mar em que nos banhamos mil vezes...
E deixamos de nos amar...