Devaneio

Ainda penso na palavra amor

O que será afinal que ela poderia ser?

Uma dama com um corselete apertado

Com uma fita azul dourada enlaçando suas coxas?

Ou será apenas uma dolorosa metáfora

Que brinca de pique - esconde enquanto anda pelas praças

Fazendo o rubro do rosto das moças com seus olhares furtivos

Chamarem meu peito a um solavanco

Ou suas marcas são as garras que fecundam meu desprezo

Não sinto nada além de tal solavanco

Deixo-a passar com seu vestido de carmim

E finalmente a chama se apaga

Como uma lâmpada, descobri o interruptor

Acende, apaga, acende, apaga

É uma brincadeira que cansei de participar

Me sinto cansado

Talvez no fundo esteja velho,

As palavras antes tão doces, agora me cheiram a promessas

Amantes de longe me soam tão... Inocentes

Toda vez que vejo uma rosa lembro-me que ao tocá-la

Seu espinho me envenena

Como uma poção feita pelas bruxas que habitavam as florestas

E sinto-me cego, pronto para me jogar

A verdade é que todo homem teme

Teme por sua sanidade

Que mais e mais se esvai

A cada levantada de uma saia

E um par de olhos cheios de doçuras

Ninguém é imortal

Mas temos o mesmo ponto fraco

Coração, coração

Porque afinal me banhas de sangue?

Para provar que um dia tudo se congela?

Dor, dor, e dor

Faz a vida parecer viva

Intensa de acordo com a dose que se toma

Tudo o que peço é paz

Mas esses querubins gostam de me infernizar

Talvez porque eu seja o alvo

Que os consegue enxergar

E lhes dê até força... por acreditar.

Vams
Enviado por Vams em 11/06/2010
Reeditado em 11/06/2010
Código do texto: T2314134
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