É o fim
E essa é só mais uma noite amaldiçoada
Quando mais uma vez eu estou aqui esperando
Que aconteça tudo o que eu sei que nunca vai acontecer.
Eu estou cansando de esperar aqui
Enquanto a chuva derrete meus olhos quebrados
Carrega as minhas lágrimas riscadas
Se mistura com a dor de uma sinceridade inútil.
Ao meu redor está tudo cinza
E você já não se importa com o meu perigo
Eu poderia me jogar da ponte
E isso já não faria diferença alguma.
Eu olho pra baixo, pra correnteza
Pras pedras e pra água borbulhando,
Pros pingos de chuva abrindo buracos
Num imenso espelho de água negra.
Eu quero me libertar desses grilhões
Eu quero a liberdade dos teus braços denovo
Eu quero apenas deixar de sentir isso me asfixiando
Me queimando como um veneno mortal
Eu só não quero mais sentir o gosto amargo
Da dor da tua ausência nessas noites malditas.
Mas isso já não vai me fazer chorar
Porque não restam mais lágrimas nos meus olhos
E nem restará mais dor nesse meu peito
Depois que essa imensidão negra me fizer afundar
E levar de mim toda a vida
Que ainda me faz morrer pela tua falta.
Os suspiros estão se tornando mais lentos,
As pulsasões inexistentes
A dor de te amar está sumindo
E já não há mais consiência.
Algo estranho bóia na água corrente de um rio
A chuva ainda lava seus olhos borrados
Que nunca mais irão chorar por não te ter.
Rostos que nunca a viram fitam a cena chocados
Todos dizem que não haviam motivos
Mas ninguém sentiu a tortura que vivia
Quando o gosto dos teus lábios
Corria todo o seu corpo como uma navalha cortante
E a sua ausência era tudo o que restava.