Queres voar?
Querem que eu crie asas.
Querem que eu voe,
Cruze os oceanos,
Alcance as nuvens.
Querem que eu
encontre com os pupilos celestiais,
querem que me torne, talvez, um deles,
ou ao menos que finja.
Mas, será que a minha genética
é propícia a tais alterações?
Será que lobos ou animais peçonhentos
podem criar asas?
Talvez elas desabrochem em minhas costas.
E porque não acreditar?
Porque ter fé?
Porque deixar para trás o solo firme?
Já não como mais por instinto,
me faz mal as injustiças,
amo os aflitos,
quero abraçá-los, acolhendo-os.
Voar, ainda, me parece uma idéia egocêntrica.
Talvez dentes afiados,
pernas ágeis,
membros fortes,
sejam mais funcionais na defesa de meus interesses e,
por conseqüência, a dos meus iguais.