O Adeus

O chão foi o limite

E a queda nem foi tão forte

Mas a voz que me fez cair dizia: “Se desapegue!”

As lágrimas são filetes de lâminas

Cortam meu rosto em expressões de dor

E a voz me dizendo: “Se desapegue!”

Eu quero partir

Desencarnar

Ver a alma desprender-se desse mundo que não me pertence

Tenho poucos dias

E não sei se estou mais perto

Ou mais longe de você

Só sei que aos poucos me rendo

Aos sinais da esquizofrenia

Ouvindo a voz que insiste: “Se desapegue!”

Essa janela banhada de sol se fechará

E eu não poderei mais me alimentar na sua voz

Porque outra voz me ordena: “Se desapegue!”

O que irá acontecer comigo?

Perdida

Inconstante

Sofrendo sua falta

Escura

Vazia

A vasculhar vestígios dos nossos momentos

E essa voz que ecoa: “Se desapegue!”

Vou colando meus joelhos ao ventre

E abraço a tortura dessa voz

Encolhida hei de adormecer sem esperança

A ouvir a voz repetir continuamente: “Se desapegue! Se desapegue! Se desapegue! Se desapegue...”