A CANTATA DA BAVIERA
No grande palco de Munique se encontraram,
num estádio repleto de milhares de fãs,
duas fortes equipas que entre si travaram
um prélio decisivo e muito contumaz.
Os Lusos e os Gauleses evoluíram bem
colocando na relva todos os talentos:
os Gauleses num ritmo inferior a cem,
os Lusos mais afoitos mas sem nutrimentos.
Trocaram mimos no seu banco os generais
denunciando os excessos do juiz comum
mas na balança os pratos eram bem iguais
que a todos ele mesmo tratava um a um.
Contudo há dias em que a sorte não nos quer
diz todo o povo, pelos vistos com paixão,
pois cai a nódoa em rico homem ou mulher
se o mal nos acontece com ou sem razão.
Foi desta forma que Carvalho claudicou
fazendo falta na área da proibição
e se nesta campanha alguém s’ agigantou
foi ele, por isso mesmo não o culpemos, não.
Assim o bom Ricardo teve de gramar
que o Zizou assumisse um tal de ruim papel
violando as suas redes para lhe marcar
aquele agreste golo com sabor a fel.
Ó triste sina, ó rude condição ‘scutai
o que neste momento eu tenho p’ ra dizer:
não fora esta pena que ora sobressai
nós, Lusos, os Gauleses íamos vencer.
Todo o mundo observou até ao fim do jogo
qu’ o domínio foi bem maior do nosso lado
e assim o refrigério se mudou em fogo
chorando a tradição e lamentando o fado !
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA