Exorcismo poético de um amor já fenecido

Silenciosa noite,

Manto de trevas a velar...

Velar por uma poetiza insone,

Que está a penar,

Exorcizando o que resta

De algo que já é passado...

Este é um exorcismo poético,

De um amor a muito já fenecido...

É passado, é perdido,

E nunca irá retonar.

O passado já foi,

Está acabado...

Mas ainda há dor para encerrar,

Para por um ponto final.

Podar pela raiz o mal,

Que tanto me fez sofrer,

Que tanto me fez chorar.

Em linhas, palavras, versos,

Me ponho a trabalhar...

Trabalhar o que deve ser expulso,

O que deve ser longe jogado...

Mas não desdenho do passado...

Muita coisa ele ainda está a me ensinar...

Afinal

Já fui cega por querer,

Mas a vida me forçou a ver...

Fui surda por conveniência

(mas o volume da verdade deu-me consciência)...

Fui insegura de tanto me anular...

Pensem bem:

Se faz mal,

Não é um verdadeiro amar.

O amor deve ser complemento...

Nunca fardo!

Jamais provação!!

Eu me livrei do pesado grilhão,

Que deixou minha carne alva marcada...

Grilhão apertado,

Fruto de paixão desenfreada,

Insensata, cega, imatura...

Hoje eu sei:

Paixão é burra!!!

Não deixa a gente enxergar!!

Desvanece com o tempo,

Rouba o ar...

E se dá errado,

Vira calamidade.

A boa paixão,

Vira saudade...

Mas as ruins,

Como a que eu vivi...

Acabam por aí.

Em versos incômodos como estes,

Que não confortam...

Não importam...

Só servem pra exorcizar.

Etenizado por um mal amar...

Esté é o legado de um bufão.

Entrega a outra tola tua paixão...

Eu aprendi.

Hoje entendo: agora te vi!

Nú, exposto, sem retoques...

E me dá naúseas o teu simples toque

Que ainda me vem na mente,

Tudo culpa da memória...

Que finde este capítulo,

Esta história inglória...

Que eu te exorcize em português,

Latim, alemão, francês, esperanto!!

Qualquer língua,

Desde que fiques num canto...

O canto mais distante da Terra,

De onde não há retorno...

Vai-te de uma vez por todas...

Vai-te e não mais vem me procurar...

Não te quero, não adianta implorar!

Não atenderei tuas ligações,

Ignorarei tuas batidas em minha porta...

Só lembro de ti por tua insistência

Pois meu coração, para ti, é zona morta.

Desiste...Pára de me assombrar!!

Repetirei, mil vezes,

Sem sequer hesitar:

O cristal se partiu,

O encanto se quebrou...

O que era amor, pó se tornou...

Quisestes assim,

Portanto, não adianta chorar!

Vai por aí tuas correntes arrastar...

Procura outra,

Que não perceba o engodo que ofereces...

Afinal, belo pareces...

Mas por dentro, és de uma feiúra de assustar.

Volta pra tumba,

Que é teu lugar...

Eu só posso rezar

Para que, um dia, tenhas paz...

E me deixe em paz.

Zannah
Enviado por Zannah em 05/11/2008
Código do texto: T1268099
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.