Me ame ou me deixe ir embora
Como sol arde à pino,
Lá fora corre a vida,
És meu homem-menino,
E eu tua querida.
Nos meandros dos versos,
Apocalipses de alma em fase mutante,
Miscigenação de universos,
Livros destroçados nas estantes.
Vontades lúdicas de ser tua,
Sonhos puerís e encantados,
Serenata fazes à lua,
Estamos na mesura acorrentados.
Qual tilintar de cristais,
Sons prodigiosos de corações acelerados,
Sinto a boca secar querendo mais,
Sabemos ser inconsequentes apaixonados.
E se de tudo já não há alento,
Pois o faz de conta começa a incomodar,
Em mim não há contento,
Meus dedos querem te tocar.
Redemoinhos estão a me varrer,
Levam de mim a última esperança,
Medo de pagar pra ver,
Medo de perder meu eu criança.
Não posso calar agora,
Preciso pedir pra esquecer,
Chegou o momento de ir embora,
De ver a mulher entristecer.
Agora devo ir,
Devo sentar-me novamente na pedra do cais,
Talvez haja esperança,
Ou talvez, um nunca mais.
Mas, a hora é agora.
Me ame ou me deixe ir embora.