A visita da desilusão
Vento de amargura,
Pobre sensação...
És tu, desilusão, que veio me visitar.
O ciúme se insinua,
Mas desiste ao notar...
Chegaste antes,
Amarga amiga,
Dessas horas pesarosas...
Dias atrás eu colhia rosas,
Hoje as desfolho,
Desfazendo o sonho que ficou para trás...
O não ter,
O não mais,
Vem me sufocando,
Pesando sobre meu peito...
Não consigo nem pensar direito,
Não desejo mais nada...
Até porque nada presta,
Nada basta!
De luxúria apaixonada
A desilusão casta...
Como se promovem desamores!
Vão-se os dias,
Murcham as flores...
Mas tu, desilusão,
Continuas aí,
Parada...
Não vai embora,
Nem me deixa fazer nada
Além de me esconder na escuridão.
Amarga senhora,
Desilusão desalmada...
Rouba-me o viço,
Suga minha vontade,
Anestesia minha liberdade...
Pois me faz sofrer,
Me lembrando que do amor se fez cinza...
E que a cinza, o vento, espalhou pelo chão.