Injúria

Onde arde o fogo capaz?

De queimar suas digitais

Desfazer de frente pra traz

Em meu corpo todos teus sinais

Me poria nas presas da fera

Que rugisse a primeira promessa

De rasgar do que sou quem tu era

E soltar meu querer da tua cela

Dou sete mergulhos no ácido certo

A cura tardia molhada espero

Uns goles e engasgos forçados não nego

Se depois bem limpa da culpa me seco

Subindo no ringue sem saber lutar

Só pra levar soco e meus dentes quebrar

Com minha visão turva e amnésia ficar

E essa obsessão por tua dor afastar

Ei, artesã sábia, vem fazer costura

Remenda do avesso toda essa penúria

Que é meu ego frágil e minha postura

O estrago só clama um pouco de injúria.