Não era pra ser
Terminou como deveria ter acabado
Duas vidas destruídas, corações decepcionados
O que parecia ser perene
Se desfez em segundos
Tantas promessas para a vida toda
Hoje vivem em dois mundos
Antes do fim gestos e jeitos
Anunciavam o que estava por vir
Às vezes fechavam os olhos
Fingiam não ver o óbvio
Não sabiam eles que o sentimento
Que um dia os uniu
A cada jeito grosseiro
A cada gesto indiferente
Transformava-se em dor, em raiva, em ódio
A falta de carinho, de cuidado
A ausência de zelo, de querer estar perto
Coisas simples que demonstravam
Ter com outros
Mas que entre eles desprezavam
Os encontros com os amigos
A música, os drinks nos barzinhos
Da cidade
Nada disso para eles era mais agradável
Até o amor imaculado pela filha
Foi capaz de deter o inevitável
Separados cada um colocou
Em prática os planos e suas vontades
De certo muito já faziam às escondidas
Mas preferiam omitir
Por medo da verdade
Se houve amor um dia
Bastava um resquício desse
Para que saudades fossem sentidas
Culpas fossem assumidas
Seria o suficiente para que eles se perdoassem
Por razões desconhecidas
Algumas idas e vindas
Os dois perdidos nos caminhos da vida
Sem saudade do que ficou para trás
Sem perspectiva do que poderia ser traçado
Apenas desconfianças, mágoas, constatação
Do tempo desperdiçado
Para ela, ele um egoísta, obscuro, mentiroso
Que nunca mereceu o seu amor
Para ele, ela uma puta, vadia, dissimulada
Que não soube lhe dar valor
Terminou como deveria ter acabado.