Não era pra ser

Terminou como deveria ter acabado

Duas vidas destruídas, corações decepcionados

O que parecia ser perene

Se desfez em segundos

Tantas promessas para a vida toda

Hoje vivem em dois mundos

Antes do fim gestos e jeitos

Anunciavam o que estava por vir

Às vezes fechavam os olhos

Fingiam não ver o óbvio

Não sabiam eles que o sentimento

Que um dia os uniu

A cada jeito grosseiro

A cada gesto indiferente

Transformava-se em dor, em raiva, em ódio

A falta de carinho, de cuidado

A ausência de zelo, de querer estar perto

Coisas simples que demonstravam

Ter com outros

Mas que entre eles desprezavam

Os encontros com os amigos

A música, os drinks nos barzinhos

Da cidade

Nada disso para eles era mais agradável

Até o amor imaculado pela filha

Foi capaz de deter o inevitável

Separados cada um colocou

Em prática os planos e suas vontades

De certo muito já faziam às escondidas

Mas preferiam omitir

Por medo da verdade

Se houve amor um dia

Bastava um resquício desse

Para que saudades fossem sentidas

Culpas fossem assumidas

Seria o suficiente para que eles se perdoassem

Por razões desconhecidas

Algumas idas e vindas

Os dois perdidos nos caminhos da vida

Sem saudade do que ficou para trás

Sem perspectiva do que poderia ser traçado

Apenas desconfianças, mágoas, constatação

Do tempo desperdiçado

Para ela, ele um egoísta, obscuro, mentiroso

Que nunca mereceu o seu amor

Para ele, ela uma puta, vadia, dissimulada

Que não soube lhe dar valor

Terminou como deveria ter acabado.

Eladio Carvalho
Enviado por Eladio Carvalho em 03/05/2021
Reeditado em 21/06/2021
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