Névoa

No momento em que busco lembrar do meu passado, não tão distante, nem tão próximo

Como uma nuvem densa você surge na minha mente

Se propondo a deixar tudo nublado

Como uma cicatriz que sempre deixa rastros mesmo que eu tente extingui-la

Então conheço um novo alguém e vivo feliz

Mas você sempre volta na sua forma densa e pesarosa

Para me atingir tal como um impulso nervoso atravessando meu corpo

E não é como se fôssemos o retrato perfeito de um casal

Porém, de certo, um retrato um tanto pretensioso do que queríamos ser Contrapondo a realidade

É inevitável evitar essa marca na história

Tal como uma doce e melancólica história do que deveria ser amor

Amor da espécie que arranca cada pedaço das ilusões que um dia você se atreveu a criar

Poderíamos ter dado nosso melhor ou aquilo foi tudo o que conseguiríamos dar um para o outro ?

Naqueles dias cobertos de uma névoa inebriante e acordes sombrios

Sim, isso define bem aquela época

E a dor que causamos não foi culpa de um único alguém

Entretanto, adorávamos culpar um ao outro

E machucar a si mesmos

Confusos, desesperados

Para entender a si mesmos

Experimentar amor e dor

Suportar a dor de não ser perfeitos

A dor que era inevitável não conhecermos

E como se fôssemos salvar um ao outro nos agarrávamos e nos apoiávamos

E tudo parecia ser perfeito de uma forma imperfeita

E eu fechava os olhos para a verdade escancarada

E você provavelmente fazia o mesmo

Fingíamos ser a melhor versão um do outro

Mas nunca fomos

Me pergunto como seria se enquanto sorríamos soubéssemos do que estávamos destinados a enfrentar

Será que ainda manteríamos nossos olhos fechados e fingiríamos não enxergar todo o dilema?

Talvez continuaríamos abraçados e sorrindo?

Enxugando as lágrimas secretamente e manchando ainda mais a si mesmos?

Desistiríamos de todo o vício que a relação era para nós?

Iríamos buscar reabilitar nossos corações?

Todas essas indagações surgem sempre que eu olho para o passado e você está lá junto da névoa e de toda a dor que um dia existiu.