Ao meio amor

Sempre a meio passo,

a meio termo

a meia colher

ao teu meio, mulher

sempre a chegares antes

não cumpri paciências

amizade também não fomos

e não há reter um só gomo de amor seco

amor? quem o ousa claro e mudo?

o amor é um copo de veneno cheio

hoje acordei mais cedo

à meia luz. fugir?

não há meio

ao teu lado todo este lodo que não foi

ao teu lado e à distância de cruzeiro

"sabes aquele copo de veneno?"

diz tu, imperativa

hoje acordei mais cedo

obedecerei ao teu domínio para fazer-me livre

alcanço o copo, triste, a meio passo

mas teu passo é por inteiro

e o amor restou vazio

do copo que já estava ao meio.

Elohim Cândido Brasil
Enviado por Elohim Cândido Brasil em 31/05/2020
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