Ao meio amor
Sempre a meio passo,
a meio termo
a meia colher
ao teu meio, mulher
sempre a chegares antes
não cumpri paciências
amizade também não fomos
e não há reter um só gomo de amor seco
amor? quem o ousa claro e mudo?
o amor é um copo de veneno cheio
hoje acordei mais cedo
à meia luz. fugir?
não há meio
ao teu lado todo este lodo que não foi
ao teu lado e à distância de cruzeiro
"sabes aquele copo de veneno?"
diz tu, imperativa
hoje acordei mais cedo
obedecerei ao teu domínio para fazer-me livre
alcanço o copo, triste, a meio passo
mas teu passo é por inteiro
e o amor restou vazio
do copo que já estava ao meio.