ESFINGE

Eu danço nu pela

Rua

E me embriago

De medo

Do espantalho

Da minha alma.

Deito na calçada

E rolo ladeira acima

Feito uma pedra

Sem o triunfo da

Escultura.

Entrei na igreja

Berrando

Assombrado com

Vulto da Íris

Da Medusa.

E me debrucei

No altar rezando

Um Ave Maria.

Eu ria feito louco

E estava mais lúcido

Do que uma esfinge.

Vaidade era entrar

Na piscina

E me banhar

Sem perceber que

Ela estava vazia.

Eu ria, ria, ria, ria...

Chorava com saudade

Da lua

A Clarear os meus

Passos

Mas me despencava

Do abismo

Sem ao menos perceber

A enorme cratera

Que dentro de mim

Arruína.

Eu ria, ria, ria, ria...

Das mil faces de mim

Que tomaram assento

Nos cacos de espelhos

Estendidos do lamaçal

Da estrada.

E eu enxugo o meu

Corpo

Dentro da forte

Correnteza

Do Rio.

E eu rio, rio, rio, rio...

Daniel Gomez.

Dangomez
Enviado por Dangomez em 19/11/2019
Código do texto: T6798700
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