ESFINGE
Eu danço nu pela
Rua
E me embriago
De medo
Do espantalho
Da minha alma.
Deito na calçada
E rolo ladeira acima
Feito uma pedra
Sem o triunfo da
Escultura.
Entrei na igreja
Berrando
Assombrado com
Vulto da Íris
Da Medusa.
E me debrucei
No altar rezando
Um Ave Maria.
Eu ria feito louco
E estava mais lúcido
Do que uma esfinge.
Vaidade era entrar
Na piscina
E me banhar
Sem perceber que
Ela estava vazia.
Eu ria, ria, ria, ria...
Chorava com saudade
Da lua
A Clarear os meus
Passos
Mas me despencava
Do abismo
Sem ao menos perceber
A enorme cratera
Que dentro de mim
Arruína.
Eu ria, ria, ria, ria...
Das mil faces de mim
Que tomaram assento
Nos cacos de espelhos
Estendidos do lamaçal
Da estrada.
E eu enxugo o meu
Corpo
Dentro da forte
Correnteza
Do Rio.
E eu rio, rio, rio, rio...
Daniel Gomez.