Estranhos
Tudo agora me parece reverso
quanto mais eu tento me esvaziar
mais meu coração parece imerso.
Tudo o que eu fazia era esperar,
e essa é a única coisa que permanece
A insegurança que venci, agora não me esquece.
Sou eu quem corro atrás porque tenho medo,
medo de perder por não ser suficiente.
Já perdi, é verdade, porém não ajo consciente.
Estranho a falta de um cumprimento antes de dormir,
ou daquele logo ao acordar,
do "oi" minutos depois de ir,
a falta de vir me visitar.
Estranho não ouvir aquele apelido bobo,
coisa assim de duas sílabas repetidas
O silêncio que eu achava normal,
cutuca as minhas feridas.
Estranho o aperto de mão,
que ficou no lugar de um abraço apertado.
Nem falo de beijo não,
falo de ficarmos só deitados.
Estranho a aparente falta de interesse,
da qual já fui responsável,
a vontade de viver, queria que me devolvesse,
apenas com uma palavra amável.
Estranho querer planejar
algo que eu sempre tinha improvisado.
Tudo seria bem diferente se você tivesse me contado.
Agora não mais depende do meu querer,
embora eu queira muito, você precisa aprender a viver.
Eu também, a aceitar que talvez assim estamos
Começando de novo como estranhos.