MENTE QUE VIVE
Mentia e mente.
Mente que acredita no seu sentimento.
E todos mentem que acreditam no seu sorriso.
Mente que está bem.
Mente que lê.
Mente que dança.
Mente que canta.
Mente que se importa.
Mente que sente.
Mente que cansa.
Mente que dá dó.
Mente que vive.
Mente tanto que tudo já virou pó.
Mente que acredita ser amada.
Mente que acredita que tudo é verdadeiro.
E todos mentem que acreditam no seu sorriso.
E dói o mundo ao seu redor.
Doem as costas.
Doem os pés.
Doem os braços.
Dói a cabeça.
Dói o sorriso naquela foto.
E devem doer as mentiras também.
Dói a lembrança.
Dói a esperança.
Dói a vida.
Ah, como deve lhe doer a vida!
E está tudo no mesmo saco.
As lembranças.
As risadas.
Os sorrisos.
Os abraços.
Os beijos.
As mentiras.
As fotos.
As vezes que disse sim, e as vezes que disse não.
A falta de coragem. A única coragem que é a de mentir.
A de mentir a própria vida.
A de mentir a própria existência.
A de mentir aos que lhe são tão caros. Ou nem tanto.
E tudo está no mesmo saco.
Um saco aberto, um saco com com furo,
um saco quase vazio.
E foi dele que saí.
Saí para ver de longe a insignificância dos gestos.
A frieza do abraço.
A falsidade do sorriso.
O sorriso daquela foto.
Saí para ouvir de longe o som da mentira.
Ele ecoa. Bate e volta.
E todos mentem que acreditam nas mentiras.
E você mente que de fato vive.
Naquela foto, você é só mentira.
O sorriso é uma mentira.
O fundo é uma mentira.
A sua vida é uma mentira,
que você tenta parecer verdade.
E a verdade é a mais irritante das mentiras.