ASAS DE METAL
Minha pele possuía a delicadeza das pétalas das flores que desabrochavam na primavera,
Meu sorriso exalava o perfume desta paixão que sustentava todas as esperanças,
Mas olhos nos olhos vi tudo desmoronar e reduzir a nada,
E como orvalho da meia noite minha lágrima desceu esfriando as sensações.
O que era brisa fresca virou vendaval,
E as covas da desesperança lentamente tentavam me tragar,
Nos destroços de minhas desilusões,
Construí minhas asas de metal.
Asas pesadas que seguravam meus pés no chão,
E escondido dentro delas, nada podia ultrapassar,
Sem poder voar, passei a correr mais rápido, e rápido e mais rápido ainda,
Tentando estar à frente de mim mesmo, e fugir dos meus pensamentos.
Me perdi propositalmente, e com medo do escuro conheci novos caminhos,
E ao sinal de um suposto perigo fechava as asas e me recolhia em mim mesmo,
Longe do mundo e abraçado ao gelo das asas de metal,
Que em segredo desejava destruí-las e arriscar um novo amor, presenteando com perigo o coração.