ASAS DE METAL

Minha pele possuía a delicadeza das pétalas das flores que desabrochavam na primavera,

Meu sorriso exalava o perfume desta paixão que sustentava todas as esperanças,

Mas olhos nos olhos vi tudo desmoronar e reduzir a nada,

E como orvalho da meia noite minha lágrima desceu esfriando as sensações.

O que era brisa fresca virou vendaval,

E as covas da desesperança lentamente tentavam me tragar,

Nos destroços de minhas desilusões,

Construí minhas asas de metal.

Asas pesadas que seguravam meus pés no chão,

E escondido dentro delas, nada podia ultrapassar,

Sem poder voar, passei a correr mais rápido, e rápido e mais rápido ainda,

Tentando estar à frente de mim mesmo, e fugir dos meus pensamentos.

Me perdi propositalmente, e com medo do escuro conheci novos caminhos,

E ao sinal de um suposto perigo fechava as asas e me recolhia em mim mesmo,

Longe do mundo e abraçado ao gelo das asas de metal,

Que em segredo desejava destruí-las e arriscar um novo amor, presenteando com perigo o coração.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 02/06/2016
Código do texto: T5655258
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