Amoribundo
Logo morrerei em ti.
Quando eu expirar,
enterra-me num poema
de versos brancos, nu, patético,
sem grandes metáforas ou homenagens,
numa vala comum a todos os amores ermos
que acreditaste serem especiais,
mas que no fundo não fariam diferença em tua vida.
Depois da pá de cal e do sinal da cruz desleixados,
nem uma prece;
nem um agradecimento;
nem uma memória.
Só a despedida lastimosa
de um corpo que nunca deveras existiu.