Cansaço
Languidamente o corpo lasso
Repousava sobre o leito
A opacidade do vulto
Mãos frias
Pele hirta
Olhos vidrados
Recendiam perfumes
De primaveras antigas
Ao longe o ciciar de um riso frouxo
Já perdido entre folhas secas
Serpenteavam cabelos opacos
Outrora acariciados
De brilho e fascinio
Amarelecido, o vestido amassado
Compunha o corpo magro
Dedos frágeis longos
Ressequidos pela falta de afago
Que já nâo dera
Os labios em vão carnudos
Desenhavam- se agora
Em uma linha fina e desbotada
Nao lembravam mais
Os beijos que um dia dera
O peito num ritmo moroso cadenciado
Perdera a capacidade de acelerar-se
O combustível essecial
Há tempos não se deparava
Nessas paragens
E o vulto empobrecido
Quase nulo
Imóvel
Nâo se via sinal de vida
Nem inquietude
O sopro abrasador
Há muito o abandonara