ATIREM A PRIMEIRA PEDRA.

A chuva que molha as pedras

Nada sabe das pedras do meu caminho.

Das vezes que sequei meu sangue,

Das pedras que atiraram em mim.

Até fiz o meu castelo sombrio,

Das tantas pedras que me atiraram;

Ergui um muro a minha volta

E cobri-me das rochas que sobraram.

A minha alma virou pedra

E o meu coração em pedra se tornou;

Das tantas pedras que me mataram,

Nenhuma pedra a mim sobrou.

Refiz-me em rochas e pedras;

Tornei-me insensivelmente dura e forte

E cada impacto da pedra que vem, volta;

Pois sou uma fria pedra viva depois da morte.