MOINHOS DE VENTO E VELHOS PERGAMINHOS

O "eu histórico" redigido em velhos pergaminhos rasgados, encardidos e empoeirados exigiu do Escritor habilidades cirúrgicas para contornar as imperfeições e a fragilidade de um papiro envelhecido;

Obra artesanal, feita à mão, coisa de exímio Artista, elaborada com sabedoria divina, singular e sobrenatural;

Houve sofrimento em cada letra escrita na alma e pairou dor nas cicatrizes que ia deixando;

Como navalhas na pele tecia-se o impecável dossiê de uma existência, confecção imprescindível e necessária para forjar o já determinado na eternidade;

Moído em moinhos de vento, passado tantas vezes em peneiras nanométricas fez do grão selecionado apenas pó, todavia, quem entenderá o caminho se não se pode jogar com A Razão?

É ao final do atalho pedregoso e sombrio que percebe-se a sobrepujança de uma volição imutável e salvífica, impossível de ser concebida pelo "eu objeto", contudo naturalmente razoável ao Observador;

Com a destreza do Verbo Inexplicável, cabalmente já sabia (ao mesmo tempo) a velocidade e a posição da partícula "eu nada", invertendo a lógica humana do conhecimento desde o "princípio da incerteza";

E não restou nenhum evento esquecido, perdido ou incontrolado nessa vital linha do tempo, na verdade, quem deu causa, "corda" e razão a esse movimento perfeito, mediu e, inerrantemente, criou e acertou todas as probabilidades.

Gleidson Melo.

Às 16h39min de uma Primavera de 10 de Novembro de 2019.

Campina Grande-PB.