Confissão

Deixaste de lado a poesia,

E agora tudo que sentes em teu peito é a nostalgia.

Descobristes que és humano.

E o que é ser humano?

Uma criatura fadada ao engano,

E ao desengano,

E a momentos inconstantes de felicidade e prantos.

E na manhã, acordaste sem amor.

Mas também não tens temor, a vida não apresenta nenhum horror,

Com exceção é claro dos horrores diários, moderno e suportável terror.

Mas de que importa?

Alguma vez, amou?

Alguma vez quis verdadeiramente ter um pouco de calor?

Não... és humano.

Nasceste sozinho, morrerás sozinho.

Sozinho se juntarás ao infinito.

Mas o que farás enquanto vive, inda finito?

E por que passarás sozinho no infinito?

Não terás a comunhão com Cristo?

Não poderá ter a noção do que realmente foi teu princípio?

Mesmo na morte, não terás consciência do teu motivo?

Não, melhor não.

Sejas um bom Cristão,

Abandone a poesia,

Ela é um vício.