Unos

Enquanto o amor brinca

Pelas calçadas,

Observo, comovido,

Da janela.

Sei que a Luz está presente

Ali na rua

A cirandar entre crianças,

Como fosse uma delas.

Amarelinha, balança-caixão,

De marré, marré, marré...

Cá dentro do peito,

O coração exulta:

É menino igual a mim!

Ele me veste,

Eu O abrigo!

Lágrimas benfazejas

Seguem as enxurradas,

Carregando meus

Parcos pecados infantis.

Então me redimo

E estendo as mãos

Ao pequeno Peregrino

Pra brincar de afeto.

E, das cinzas, faz-se a chama!

A rua se ilumina num imenso presépio:

O Menino nasceu temporão!

Ele nasce todo dia

Para brincar meus versos.

Vira o poema ao avesso,

E o torna mais bonito...

E, quanto mais confuso,

Mais me embaraço

Em seu encanto.

Menino, Menino,

Não brinque de esconde-esconde.

Faz, da minha, a Tua rua;

Bebe destes versos

Que, a Ti, divertem

E Te faz criança.

Sei que, enquanto assumo

A expressão divina

Que pintaste em meu rosto,

Tu adotas meu nome.

E, nesse momento indizível,

Já nem sei quem é o Criador

Ou quem é a criatura!