O ARTISTA
O artista gosta de pintar, gosta de brincar com as cores, de misturar, de surpreender a visão.
Então pegou seu pincel, molhou na tinta branca e disse: Haja luz!
Mas ainda tinha mais. A mente do artista não para.
Pega a tinta azul, vários tons de azul, e pinta os céus e os mares. Fica feliz com o resultado. Mas ainda tinha mais.
O pincel mergulha no marrom, no bege, no vermelho, e a terra começa a surgir, com suas diferentes cores e características. O artista não gosta de mesmice, não quer tudo igual. Por isso, uma cor, um tom, uma
característica para cada parte da terra.
Agora é a vez do verde. Claro, escuro, musgo, bandeira, e muitos outros. Pinta a grama, os arbustos, as grandes árvores, florestas, matas. Com outras cores, surgem as flores e frutos. O artista brinca com as formas, com as cores, com os sabores, com os cheiros. Ah, que delícia!!
Amarelo para o sol, com um pouco de calor, que faz tão bem.
Volta para o branco e salpica um pouco no azul escuro da noite, formando as estrelas. Com um pouco de tinta prata faz a lua. Pinta os eclipses, cada alvorada, cada entardecer.
Os olhos da artista brilham. Sua obra está ficando linda, colorida, cheirosa, gostosa. No entanto, ainda não está pronta.
Sua paleta se enche das mais diversas cores, e as formas começam a aparecer na paisagem. Baleias enormes, peixes coloridos, vários
tamanhos, várias formas passam a povoar os rios e mares. Águia, andorinha, papagaio, arara e tantos outros pássaros passam a colorir os céus. Elefantes, girafas, zebras, onça-pintada, tigres, cachorros, gatos, tantos tamanhos, formas e cores para enfeitar a terra.
O artista também é músico, e cria uma infinidade de sons, uma sinfonia inigualável, para cada uma de suas criações, separando-os e identificando-os por seus cantos e rugidos.
A obra é linda! Parece completa. Tem cor, sabor, cheiro, som. Mas ainda falta vida.
Então, o artista se torna escultor.
Pega um pouco de barro e começa a amassar, a espremer, a misturar, até obter a textura perfeita. E começa a moldar. Cada detalhe, cada
órgão, cada pedacinho. Sem pressa, sem emendas, sem exagero, sem deixar faltar nada. Coração, cérebro, rins, pulmões, intestino, olhos. Pés, mãos, peito, cabeça. Nariz, boca, orelhas, dedos, unhas, cabelos. Nenhum detalhe é esquecido, nada passa despercebido, nada fica incompleto. Alisa a massa, modela, esculpe. Surpreende-se! É lindo! É maravilhoso! É perfeito! É igual ao escultor.
O artista se apaixona por sua obra, fica encantado! Num gesto de supremo amor, decide dar-lhe algo excepcional. Decide dar-lhe o seu
fôlego, sua vida, seu espírito. Sopra-lhe nas narinas recém criadas.
“E o homem foi feito alma vivente”.