REFLEXOS
Querer nem sempre é poder
Amar nem sempre dá beijo
O calor da sua boca ferve em mim
E será pra sempre desespero
É só dar uma volta
Estarei outra vez em casa
Não posso mais tocar tudo que eu tinha
Mas a ilusão de possuir ainda vive.
Durma hoje aqui comigo
Esperança sonha
O sonho liberta outra vida
Posso ver teus dias contados
Evitar um nome indigno
Com sobrenome estranho
Meu cabelo alisa o vento
Escrevendo o dia de amanhã.
Alguém caiu na esquina
Sem sonhos pra compartir
Viveu até o limite
Porque não era semente.
E caiu cedo demais
Nas redes do improvável
Nas garras do improviso
Num dia branco nublado .
Ignorância plena,
Insubordinação
O riso às vezes parte prematuro
Sem nenhuma direção.
Estamos dentro da caixa
Com um papel embrulhado
Como se fossemos presentes
Agora fora de órbita, contaminando o lugar.
Com meu discurso curto
Sem nada pr'acrescentar
Contando cadáveres em ruas escuras
Esperanças que alguém levou.
No esgoto aberto desgostos expostos
Agua suja usada suja
O mau nos muros
Com saudades dos impuros.
A sombra da chuva
O espelho sem imagem
Folhas sem uma letra sequer
Peneira o ar sufoca o choro.
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