Mundinho
Minha bagagem já foi pesada demais. Já me quebrei e me refiz em dois ou três dias. Já magoei quem eu não queria, mas também já perdoei quem não merecia.
Já mendiguei por um espaço, mas também já recusei espaço dado.
Já chorei a noite toda, mas também já ri o dia inteiro.
Já me arrependi de ter conhecido alguém, mas também já agradeci muito, por ter conhecido alguém que valeu a pena.
Já odiei meu próprio corpo, mas também já amei muito.
Já confiei facilmente em algumas pessoas, mas também já desconfiei de algumas só com um olhar.
Já pedi perdão pelos meus erros, mas também já recusei perdão de alguém.
Já mergulhei de cabeça nos meus próprios abismos, mas também já escalei em um só salto.
Já me vi entristecer numa profunda solidão, mas também já escolhi estar só.
Já vivi na escuridão para que ninguém pudesse me notar, mas também já fiz de tudo, para chamar um pouco de atenção.
Já fui chamada de louca, mas também já fui chamada de normal demais.
Já me apaixonei por alguém em menos de um mês, mas também levei mais de um ano tentando me apaixonar por alguém, que a cada dia, me perdia um pouco mais.
De repente minha bagagem foi ficando um pouco mais leve, isso porque aprendi a me amar do jeitinho que sou. Aprendi também que não preciso andar com muitos, nem suplicar por miudezas de ninguém.
E que sorrisos forçados, nunca foram o meu forte. E isso foi ficando tão viciante, que já não faço questão de mais nada!
Só quero viver de leveza. Leveza na alma, no coração e no olhar.
Mas tudo bem, se eu não tiver bem! Dias chegam, para gente recomeçar!
E hoje não sou obrigada a nada e não te obrigo também. Quer chegar? chegue! Mas se quiser ir, deixe que eu mesma tranco a porta. Porque pra mim tudo que é pesado, machuca, e dores, só aceito as do meu envelhecimento. Caso contrário, apague da memória o caminho de chegar até mim, porque o tempo é precioso demais, para eu perder com quem não faz por merecer!
Texto de #Andrea_Domingues ©