A ERA DE SHOPENHAUER

A ERA DE SHOPENHAUER

Eu nem mais abro a janela

Apenas observo por entre

Aquele vidro embaçado

Um movimento apático de pessoas

Sem graça alguma

Passando nas mesmas ruas

Mortas e nuas

Com suas involuções

Retorno à cozinha

Abro a geladeira

Que vazio

Igual ao vazio frio que senti à janela

Tocam a campanhia

Tomara que não seja nenhuma visita

Detesto companhias

Mantenho a televisão desligada

Com as mesmas notícias

E as mesmas negras cores

Um abuso de privacidade

Sem amigos

Melhor só que corrompido

A violência está a espreita

Minha memória já não é a mesma

Será Alzaimer?

Trêmulas estão as minhas mãos

Minhas vistas turvas

Só vejo a escuridão no fim do túnel

Recolho-me

Como um pássaro em fobias

Apenas aguardando o romper do dia

E a cura para este mal

Neste século atual

Parece ter sido sepultado

Juntamente com Shopenhauer

Sem alegria

Carlinhos Real

Carlinhos Real
Enviado por Carlinhos Real em 01/06/2012
Reeditado em 01/06/2012
Código do texto: T3700664
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