A ERA DE SHOPENHAUER
A ERA DE SHOPENHAUER
Eu nem mais abro a janela
Apenas observo por entre
Aquele vidro embaçado
Um movimento apático de pessoas
Sem graça alguma
Passando nas mesmas ruas
Mortas e nuas
Com suas involuções
Retorno à cozinha
Abro a geladeira
Que vazio
Igual ao vazio frio que senti à janela
Tocam a campanhia
Tomara que não seja nenhuma visita
Detesto companhias
Mantenho a televisão desligada
Com as mesmas notícias
E as mesmas negras cores
Um abuso de privacidade
Sem amigos
Melhor só que corrompido
A violência está a espreita
Minha memória já não é a mesma
Será Alzaimer?
Trêmulas estão as minhas mãos
Minhas vistas turvas
Só vejo a escuridão no fim do túnel
Recolho-me
Como um pássaro em fobias
Apenas aguardando o romper do dia
E a cura para este mal
Neste século atual
Parece ter sido sepultado
Juntamente com Shopenhauer
Sem alegria
Carlinhos Real