GAROTO POBRE

Ele era um garoto pobre

que queria seguir a estrada,

ir o mais longe que pudesse

curtindo altas baladas.

Com sua guitarra nas costas,

sem se preocupar com nada,

dormindo em estações de trem

e terminais rodoviários.

Queria tocar em grandes cidades

e puteiros de beira de estrada,

não tinha medo de nada

e nem de ninguém...

Ele era um garoto pobre,

sim, talvez o mais rico do mundo,

pois pelo menos era feliz

e não devia nada a ninguém.

Com sua guitarra nas costas,

tocando sua gaita pela estrada,

sem medo de encontrar com o diabo

em alguma encruzilhada.

Queria tocar em qualquer lugar

onde quisessem te ouvir,

sem ressentimento algum

na hora de partir...

E eu nunca olhei para trás

todas as vezes que parti

e foram tantas que já perdi a conta,

mas isso também não importa.

Eu também fui um garoto pobre

talvez o mais rico do mundo,

porque sempre me senti feliz

e nunca devi nada a ninguém

exceto alguns poucos trocados.

Também tenho devedores

e nem faço mais conta

de míseras moedas de esmola

que me fizeram falta sim,

mas consegui me virar.

Com minha guitarra nas costas,

tocando minha gaita pela estrada,

dia e noite,

sem medo de encontrar com o diabo

em alguma encruzilhada.

Já passei por tantas

e já chorei meus blues

sem incomodar a noite

embora ela fosse meu açoite.

Eu era um garoto pobre

e não acho que fui longe demais

sim, ainda estou na estrada,

pro que der e vier

talvez um pouco mais sossegado

mas ainda desejo ir

o mais longe que eu puder.

ROBERTO CARLOS BRAZ DO NASCIMENTO

(ROBERTO BRAZA)

21/09/2010

ROBERTO BRAZA
Enviado por ROBERTO BRAZA em 28/02/2012
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