Saudade do Ranchinho
Quando me lembro do meu velho ranchinho,
Feito de Pau-a-pique na beirada do caminho,
Estradão de terra batida, lá nos confins do sertão,
Juro que tenho saudade e uma tristeza invade
O meu pobre coração.
Então, sozinho no quarto,
Recordando alguns retratos,
Da família que ficou,
O pranto rola pelo meu rosto,
Simbolizando o desgosto, de tudo que já passou.
Me lembro do pai querido,
Amigo e bom violeiro,
Que passava noites no terreiro,
Cantando pro Arraiá!
A minha mãe? Coitada... Já não existe!
Deixou a choupana tão triste,
Guardando um silêncio profundo,
Que quebra com ironia, toda a tristeza do mundo!
O meu pai também já partiu,
E dele só resta um vazio,
Uma viola pendurada na parede
Um facão, um machado e uma rede.
Mas lá no meu sertão, tudo é tão diferente,
A natureza com plantas, flores e pássaros
Que cantando em compasso,
Faz a alegria da gente!
Que saudade do ranchinho,
Do cantar dos passarinhos,
Do amanhecer, da relva molhada,
Saudade eu trago no peito da casinha abandonada.
Oh! meu sertão querido!
Se um dia o Papai do Céu permitir
Eu quero da cidade sair,
Pra felicidade, em seu seio, novamente encontrar!
Eu quero sentir o cheiro do mato,
Tomar banho no regato
Ouvir o piá do nhambu,
Presenciar o canto do galo,
Ouvindo o tropel dos cavalos,
Na lida, com os maruás!
Eu quero escutar o som do berrante, tocado pelo pião.
Eu quero ver o passar da boiada,
Na estrada do meu sertão,
E no baixar da poeira,
O menino da porteira,
Com a moeda na mão!
Eu quero ar puro... A natureza,
Eu quero produzir o pão da minha mesa
E com a força das minhas mãos,
Tirar os frutos do chão,
Para me sustentar.
Eu quero isso... Quero tudo!
Eu quero com muita vaidade
Agradecer ao Senhor, por ter deixado de novo a cidade
E pro meu sertão, novamente eu voltar!