ASSOMBRAÇÃO

Acustumado de menino

Pelos campo e pastage,

Virei cabôco sacudido

Revestido de corage...

Adomando burro brabo,

Empinando o alazão

Racho a lenha à machado

Tombo terra e aro chão...

Mais, amigo Zé Pequeno,

Num te escondo, meu irmão,

Chego inté cagá nas ,carça

De pensá em assombração!

Quando vai caindo a noite

E chega a hora de deitá,

Já cumeça a cabeça

Cos fantasma trabaiá!

Vem no corpo uns arrepio,

Os cabelo fica em pé

E o vigário lá da vila

Diz que eu sô de poca fé...

Mais eu peço tudo dia

Prô meu São Sebastião,

Que me livre das frechada

E de vê assombração...

Quando tá amanhecendo

Num preguei os zóio nada,

Vô no escuro lá pro eito

Vô cismado cas danada...

Me indicaro acendê vela,

Que essas coisa logo passa

Acendí um maço intêro

Quase morro cá fumaça...

E um úrtimo conseio

Que os colega sempre dá,

É prá arrumá uma morena

E lá pro rancho eu levá...

E no escurinho da noite

Quando nóis fô se deitá

Vô passá a noite acordado

Sem de assombração lembrá!

JU CRAVEIRO
Enviado por JU CRAVEIRO em 28/07/2013
Código do texto: T4408584
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