ASSOMBRAÇÃO
Acustumado de menino
Pelos campo e pastage,
Virei cabôco sacudido
Revestido de corage...
Adomando burro brabo,
Empinando o alazão
Racho a lenha à machado
Tombo terra e aro chão...
Mais, amigo Zé Pequeno,
Num te escondo, meu irmão,
Chego inté cagá nas ,carça
De pensá em assombração!
Quando vai caindo a noite
E chega a hora de deitá,
Já cumeça a cabeça
Cos fantasma trabaiá!
Vem no corpo uns arrepio,
Os cabelo fica em pé
E o vigário lá da vila
Diz que eu sô de poca fé...
Mais eu peço tudo dia
Prô meu São Sebastião,
Que me livre das frechada
E de vê assombração...
Quando tá amanhecendo
Num preguei os zóio nada,
Vô no escuro lá pro eito
Vô cismado cas danada...
Me indicaro acendê vela,
Que essas coisa logo passa
Acendí um maço intêro
Quase morro cá fumaça...
E um úrtimo conseio
Que os colega sempre dá,
É prá arrumá uma morena
E lá pro rancho eu levá...
E no escurinho da noite
Quando nóis fô se deitá
Vô passá a noite acordado
Sem de assombração lembrá!