ESPERTEZA CAIPIRA
Da escolinha da fazenda
Segundo ano terminado,
Vem batê cá na cidade
O Manézinho do Encantado.
Sem tê nunca enxergado
Uma escola da cidade,
Foi fazê um tar exame
Prá prová suas qualidade.
As figura ia mostrando
A muié, a tar de Tia
E os moleque rabiscava
Tudo aquilo que eles via...
A primêra lustração
Que a mestra sigurava
Era uma cabaninha
E o mané logo tascou
Que aquilo era CASA!
A segunda ela mostrô:
Era um bicho lá do mato
Tinha bico e nadadêra
E então o Mané carcô,
Que aquilo era o PATO...
Na tercêra das figura
Foi que a coisa disandô,
A muié mostrava um bicho
Que a tudo arrepiô...
Os moleque se mangaro
-"Que facinho é essa obra"
E tudo mundo escrevinhô
Que aquilo era COBRA...
Manézinho alevantô!
Se achegô mais da figura,
E vortô prá escrevê
Cá maió desenvortura.
Abaixô sua cabeça,
Foi se benzeno primêro:
Que aquilo, aquela cobra,
Era um URUTU CRUZÊRO!