PARADEIRO

29.06.05.

Percurei o que num sabia

Pelas cancela da vida afora

Um alforje viajante; penduricalhos

Uma lida itinerante sem itinerários

Fui me paixonando pruela

I quando assim se cumeça

Difici é se atrelá cumpadi

São imensas terras a se trilhá

Di noite i di dia parmilhei

Nus sertão, nas estradas di puera

Cumi pão, bebi águas margosas

Me feri nos espinhos, mas também cheirei rosas

Vi tropas di besta

Vi us homê rasgados di trapo

E avessi ispadrapo pra tanto vergão!

Naquele norte triguero, no calor dus verão

Nunca seu moço, mi ditive nas sombra

Provei muita solidão pelos mundaréu qui passei

I dispois di tanta percura nem sei o que por aí achei...

Vim pará nessi lugá inda cum mermo sonho:

Ter paradeiro dum colchão véio

I di resto um rosto risonho!

Marcelo Braga
Enviado por Marcelo Braga em 21/05/2011
Código do texto: T2983562
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