PARADEIRO
29.06.05.
Percurei o que num sabia
Pelas cancela da vida afora
Um alforje viajante; penduricalhos
Uma lida itinerante sem itinerários
Fui me paixonando pruela
I quando assim se cumeça
Difici é se atrelá cumpadi
São imensas terras a se trilhá
Di noite i di dia parmilhei
Nus sertão, nas estradas di puera
Cumi pão, bebi águas margosas
Me feri nos espinhos, mas também cheirei rosas
Vi tropas di besta
Vi us homê rasgados di trapo
E avessi ispadrapo pra tanto vergão!
Naquele norte triguero, no calor dus verão
Nunca seu moço, mi ditive nas sombra
Provei muita solidão pelos mundaréu qui passei
I dispois di tanta percura nem sei o que por aí achei...
Vim pará nessi lugá inda cum mermo sonho:
Ter paradeiro dum colchão véio
I di resto um rosto risonho!